quinta-feira, 24 de maio de 2018

Como tirei meu filho da minha cama

Cuidado: eles querem o comando! rsrsrs
Foto: minha, claro!
A conta é simples: uma casa de três quartos, um casal e dois filhos (um menino e uma menina). O casal dorme no seu quarto, na cama de casal, a filha no quarto dela e o filho no quarto dele, certo?

É... agora é certo! Mas pra chegar neste resultado... ah! Foram longos cinco anos, pouco sono, muito cansaço e muita tentativa frustrada!

Mas no final, conseguimos e quando conseguimos nem foi difícil como parecia!

Tenho dois filhos: a Maria, de 8 anos e o Pedro, de 5. Maria sempre foi muito boa de cama. Dorme a noite toda desde os 2 meses de idade. Sim, cheguei a passar pela fase dela ir ao meu quarto à noite. Cheguei a deixá-la horas chorando no quarto dela até que entendesse que aquele era o seu lugar. Não, não foi facílimo! Mas foi!

O mais engraçado é que depois que passa, parece que a gente tem o incrível poder de deletar os maus momentos de nossas memórias! Mãe é assim! Fica louca, cansada, desgastada, sem tempo pra nada, mas quando vai lembrar dos filhos, normalmente só lembra das coisas boas.

O Pedro é que me deu um trabalho que eu não sabia mais o que fazer. Eis que ele completou cinco anos e ainda dormia na minha cama! Justo eu que por ter uma filha que não deu este trabalho, achava um absurdo as mães dizerem que não conseguiam tirar os filhos de suas cama. Eu pensava: "Preguiça de enfrentar e educar!" Só podia ser...

Acontece que quando julgamos os outros não demora muito para termos que aprender com isso! E veio o Pedro para esfregar isso na minha cara! rsrsrsrs

Pedro é uma criança que tem a noite agitada desde que nasceu. Sempre acordou muitas vezes à noite. No primeiro ano dele, me lembro de andar em estado de exaustão. A única coisa que eu pensava era que eu estava cansada, que eu precisava dormir. Não tinha força pra nada!

Aí eu ouvia de tudo. Tinha mãe que falava que com um ano regulava, outras que com três, outras que só depois dos cinco e tinha ainda as que diziam que o filho dormia na cama dela até os dez.

Eu pensava: comigo não vai ser assim! Imagina. Deixa minhas férias chegarem que eu me encorajo
De quem é essa cama mesmo???
Foto: minha!
de passar algumas noites em claro e dou um jeito nisso rapidinho.

As férias chegaram algumas vezes, e passaram, não sem que eu tentasse. Por vezes eu tentava nas férias, em outras em tentava tendo que acordar cedo mesmo, pois não aguentava mais... Mas no fim, ele sempre vencia. Ele vencia o meu cansaço! Eu escolhia dormir, nem que isso significasse tê-lo na minha cama.

Eis que um dia, logo após ter completado cinco anos, resolvi agendar com a psicóloga da escola para falar sobre a minha filha mais velha. Conversa vai, conversa vem e o assunto: Pedro dorme no meio de mim e do meu marido chegou.

Claro que eu sabia que ela ia me detonar! Até porque, Pedro tinha acabado de completar cinco anos. Fazia mil coisas sozinho, mas não dormia no quarto dele.

Expliquei pra ela que ele sempre alegava ter muito medo, especialmente medo de ficar sozinho. Disse que eu achava que essa agitação noturna só podia ser reflexo da minha gravidez, que foi agitada e cheia de contratempos... Ou seja, dei as desculpas que eu mesma costumava usar quando pensava no assunto.

Ela analisou algumas questões que eu disse sobre a personalidade dele e concluiu: "ele está usando de argumentos que façam com que ele possa ficar com você! E vocês estão aceitando. Qual o problema disso? O problema é que essas atitudes (de deixá-lo no meio de nós dois e outras que eu havia mencionado) terão consequências futuras!"

Ela disse que quando ele tiver seus 17 anos e tiver que tomar decisões, essa superproteção pode fazê-lo uma pessoa insegura e com dificuldades de tomar decisões sozinhos. Vai sempre depender da gente para isso.

Disse também que essa proximidade exagerada, especialmente de dormir junto, passa a fazê-lo não entender a mãe como esposa do pai e, inconscientemente é claro, passa a ver a mãe como mulher e não só como mãe. No futuro isso pode significar problemas nos relacionamentos e ele pode nunca achar uma menina ideal, pois nenhuma se aproximará do que a mãe é.

Sabe, já ouvi muita coisa sobre o assunto. Eu sabia que não era legal... Mas isso mexeu mesmo comigo! Quero que o meu filho seja feliz! Como adulto, como profissional, com uma menina bacana! E sim, tenho que pensar nas minhas atitudes de hoje que podem interferir no futuro.

Lembro tão bem uma vez de uma psicóloga me dizer: "A infância é a fase mais curta de nossas vidas, mas que definem o resto de nossas vidas!" Sempre achei isso tão real. Porque pensando bem, tudo volta ao que tivemos como nossa base. Então, hoje eu vivo o momento mais importante da formação da vida deles, e sim, vou errar e muito! Vou ser culpada de muitas coisas! Mas se eu puder mudar e melhorar algumas, tenho que fazer isso.

Naquele dia mesmo, cheguei em casa e já tive uma conversa com ele. Disse que ele estava grande, que ele já fazia tantas coisas que me deixavam orgulhosa, que ele estava se tornando um menino grande e independente! Mas que ele precisava começar a dormir no quarto dele para enfim ser um menino grande e deixar de ser bebê!

Expliquei que medo todos nós temos, mas que eu e o papai estávamos ali, pertinho e que ele podia confiar que nada de ruim iria acontecer. Disse também que eu ficaria com ele até que ele dormisse e só depois iria ao meu quarto.

Nossa, foi incrível, foi mágico, foi maravilhoso! Ele nunca mais dormiu no meio de nós. Assumiu a responsabilidade de ser um menino grande. Ficou orgulhoso dele mesmo e agora nem pede mais para vir pra nós!

Sabe o que descobri? Que quem precisava ser curada, quem precisava amadurecer não era ele, e sim eu! Quando eu entendi como isso poderia refletir na vida dele e no futuro dele... eu venci e assim fiz com que ele também acreditasse em si próprio.

No fim, muitas coisas ficam travadas por conta de nossas próprias cabeças, mas é mais fácil acreditar que o medo é deles!

Vai lá! Cura esse seu medo e confia no seu filho! Depois me conta como foi pra você!