terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Muda tudo...


A decisão de se tornar mãe ou pai não é a mesma que trocar de emprego ou de cidade, é algo muito mais complexo. Muitas pessoas optam por isso em função da pressão da sociedade ou de um momento de egoísmo qualquer, imaginando "quem vai cuidar de mim quando eu envelhecer". Não dá pra ser assim. Se alguém vai cuidar de você quando envelhecer, será a vida e não necessariamente um filho.

Um filho vem ao mundo para ser cuidado, amado, educado... Para ouvir muitas vezes "não" e outras tantas "sim". Vem sim para completar, unir e até mesmo desunir, em muitos casos, mas não vem com a função de ser responsável por nós. Esse é o nosso papel. Até porque assim ainda são os nossos pais.

Quando ainda estava grávida, trabalhando muito, viajando semanalmente para Londrina para cursar uma disciplina como aluna especial no mestrado, reclamava de falta de tempo para dar conta de tudo. Nesta época, tinha um amigo, o Pandur, que viajava comigo e dizia: "o dia que a Maria nascer você vai rever seu conceito de tempo". Não acreditava que era assim, tão diferente... Mas até hoje quando o encontro eu digo que agora entendo.

Ter uma criança em casa é rever os conceitos de liberdade. Ela deixa de existir. Não existe mais a remota possibilidade de decidir fazer ou não algo, sem pensar se isso será viável com o seu filho. Onde ele vai ficar, com quem, por quanto tempo, quanto tempo você ficará longe... Tudo é pensado.

Muitas vezes a gente chega a desejar que essa fase de restrições, de não poder ficar em casa sozinho, passe... não porque amamos menos ou porque não queremos estar juntos, mas porque somos humanos e temos esses momentos de bobeira.

Mas tem coisa melhor do que ver sua filha te tirar do sério com menos de dois anos, ao jogar no chão todas as roupas do guarda roupas, ou espalhar um pacote de canela em pó no chão da cozinha, ou mesmo desenrolar todo o rolo de papel higiênico do banheiro para, em cada momento, tentar imitar a mamãe e o papai? E quando você nervosa olha pra ela com cara séria e fala: "Eu não estou brincando!", e ela te quebra com um "Tá brincando sim mamãe!"

Fora acordar de manhã, trazê-la para sua cama para ficar entre você e seu marido enquanto toma a mamadeira e, ao terminar, abraçar cada um e dizer: "Papai, mamãe, te amo!"

É... acho que no fim de tudo... ter tempo pra quê?

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